Grã Mestra Shen Hai Min

Demonstração da Grã Mestra Shen Hai Min

- Dicas para ser sempre jovem

ENTREVISTA DA VEJA COM CIRURGIÃO CARDÍACO TURCO e
CIDADÃO AMERICANO DR. MEHMET OZ
- São Paulo - 04.12.2007
.
A especialidade do cirurgião cardíaco turco e cidadão americano Mehmet Oz, de 47 anos, é retardar ao máximo os efeitos da idade em seus pacientes. Diretor do Programa de Medicina Integrada da Universidade Colúmbia, em Nova York, ele é consultor da famosa clínica antienvelhecimento do médico Michael Roizen, criador do conceito de que é possível manter o organismo mais jovem do que aponta a idade cronológica. Oz e Roizen também assinam a quatro mãos uma série de livros de sucesso que ensinam como manter um estilo de vida que adia a velhice.
O mais recente deles, You Staying Young (Você Sempre Jovem), lançado há um mês nos Estados Unidos, já vendeu meio milhão de exemplares. Nos últimos quatro anos, Oz se tornou uma celebridade ao participar de um quadro fixo no programa de TV da apresentadora Oprah Winfrey. Ele também apresenta documentários no Discovery Channel. Nos dois casos, dá dicas aos telespectadores sobre como viver mais com boa saúde. Esse é justamente o tema da entrevista que ele deu a VEJA.

Obs- Nos EUA é comum a venda de água engarrafada que é diferente da água mineral ,a agua engarrafada de lá é a agua comum (água da torneira) que sofre um processo de industialização como por exemplo a mineralização.
.
Veja - Existe uma fórmula para se manter jovem por mais tempo?
Oz - Sim. Há catorze agentes principais envolvidos no envelhecimento. Sete retardam o processo, como os antioxidantes, e sete nos enfraquecem, como a atrofia muscular. É preciso manter esses agentes sob controle. O primeiro passo para alcançar esse objetivo é pensar não na possibilidade de ficar doente, mas na necessidade de manter o organismo saudável. Deve-se tirar o foco da prevenção dos males e direcioná-lo para a preservação da saúde. Se ninguém mais morresse de câncer e de doenças cardiovasculares, a expectativa de vida média do ser humano subiria apenas nove anos. Isso mostra que, para aumentar consideravelmente a expectativa de vida, não basta evitar doenças. É preciso cuidar do corpo para que ele não enfraqueça. Quando uma pessoa envelhece, doenças potencialmente fatais, como o câncer e o infarto, não aparecem de imediato. Antes que elas se instalem, o corpo torna-se mais frágil e vulnerável.
.
Veja - O que fazer para evitar que o corpo se torne frágil e vulnerável?
Oz - Meu novo livro, You Staying Young (Você Sempre Jovem, ainda sem previsão de lançamento no Brasil), trata exatamente desse tema. Os exercícios físicos são uma ferramenta essencial. Eles combatem o primeiro sinal do envelhecimento, que é a perda de força muscular. Outros recursos importantes são alimentar-se bem e meditar. Uma boa recomendação é a prática do tai chi chuan, exercício oriental que combina equilíbrio, coordenação motora e também meditação. Se todos adotassem essas medidas, a vida média da população poderia subir para 110 anos. Quanto à alimentação, não podem faltar nutrientes como o resveratrol da uva e o licopeno do tomate, que são poderosos antioxidantes. O principal, mas também o mais difícil, é controlar a quantidade dos alimentos. De qualquer forma, todo mundo deve comer um pouco menos do que tem vontade.
.
Veja - Fazer várias pequenas refeições por dia, como recomendam alguns médicos, faz bem para a saúde?
Oz - Deve-se comer de três em três horas. Se o intervalo é maior, a taxa de hormônio grelina, que estimula a fome, começa a subir. O problema é que, após uma refeição, ainda demora trinta minutos para que a taxa desse hormônio volte a baixar. Em conseqüência disso, acaba-se comendo mais do que se deveria. O mais importante, além de comer alguma coisa a cada três horas, é trocar as refeições grandes por pequenas, intercaladas por lanchinhos. Esse conceito não foi criado por mim. É o que mostram as pesquisas científicas.
.
Veja - O que o senhor considera refeições grandes e pequenas?
Oz - Uma refeição grande ultrapassa 1 000 calorias. Uma pequena tem, no máximo, 500. Quem consome por volta de 2 000 calorias diárias pode fazer duas refeições de 300 calorias cada uma e outra maior, de até 800. Os lanchinhos podem ter até 250 calorias.
.
Veja - O que deve ficar de fora do cardápio?
Oz - Existe uma regrinha fácil de ser usada, a regra dos cinco.Para isso, é preciso examinar o rótulo dos alimentos. Cinco ingredientes não podem estar entre os primeiros listados no rótulo. São eles: gorduras saturadas, gorduras trans, açúcar simples, açúcar invertido e farinha de trigo enriquecida. Dois desses nutrientes são gorduras, dois são açúcares. Os dois tipos de gordura podem estimular processos inflamatórios no fígado que forçam a produção de substâncias deletérias, como o colesterol. Também fazem com que o fígado fique menos sensível à insulina, aumentando o risco de diabetes. Os açúcares listados fazem mal por estimular a produção de insulina, o que aumenta o depósito de gordura corporal. O pior é que esses cinco itens são os mais comuns nas dietas atuais.
.
Veja - O cardápio básico do brasileiro, composto de arroz, feijão, carne e salada, é saudável?
Oz - A princípio, sim. Esse cardápio contém exatamente os nutrientes para os quais a digestão humana está preparada. Mas os brasileiros comem carnes muito gordas, o que é errado.. Antigamente, no mundo inteiro, quando os métodos de criação do gado eram mais simples, a porcentagem de gordura dos melhores cortes da carne bovina era, em média, de 4%. Hoje é de 30%. Outro problema dos hábitos alimentares do brasileiro é que ele come arroz em excesso, o que não traz nenhum benefício. Melhor seria adotar o arroz integral. Os alimentos integrais têm mais fibras, o que os mantém mais tempo no intestino e diminui a absorção de açúcar pelo organismo. Uma vantagem dos brasileiros é ter à disposiçãoenorme variedade de frutas e vegetais maravilhosos, por preço razoável.
.
Veja - Os hábitos que o senhor propõe para prolongar a vida são relativamente simples, mas exigem controle estrito sobre as atividades do dia-a-dia. Como exercer esse controle?
Oz - A palavra-chave é automatizar. Ou seja, fazer desses hábitos uma rotina, sem precisar pensar muito neles. Acordar, escovar os dentes e passar o fio dental, para reduzir a quantidade de bactérias prejudiciais à saúde. Beber muito líquido ao longo do dia, principalmente água e chá verde. Dormir ao menos sete horas por noite. Durante o sono se produz o hormônio do crescimento, essencial mesmo para quem já é adulto, pois prolonga a juventude. Caminhar meia hora por dia e praticar exercícios que façam suar três vezes por semana. Meditar cinco minutos diariamente, o que pode estar embutido na prática de ioga ou tai chi chuan. Evitar alimentos que estejam na regra dos cinco, que mencionei anteriormente. Uma última coisa: estreitar o relacionamento com as pessoas próximas e abster-se de julgá-las. Em vez de julgar os outros, é melhor tomar conta de si próprio.
.
Veja - Abster-se de julgar os outros ajuda a manter a juventude?
Oz - Sim, da mesma forma que resolver situações de conflito. O conflito não traz nada de positivo. É apenas desgastante. Costumo recomendar a meus pacientes que procurem as pessoas com quem mantêm uma relação de animosidade e tentem resolver o impasse. Essa é uma atitude para o bem-estar próprio. Não há nada de altruísta nela. É uma atitude egoísta.
.
Veja - O que o senhor acha das dietas para emagrecer que surgem e viram moda a cada seis meses?
Oz - Essas dietas fazem sucesso, mas são péssimas para a saúde. A alimentação não deve ser encarada como uma maratona para a perda de peso. Uma dieta que tenha como chamariz o emagrecimento rápido não é confiável. Comer menos do que o corpo necessita é uma agressão à fisiologia. Ou seja, aos processos químicos que fazem o organismo funcionar. Quando a fisiologia é desprezada, os resultados das dietas são transitórios.
.
Veja - Por que o senhor recomenda cuidados com o jantar?
Oz - Na verdade, há uma única regra a observar: deve-se jantar pelo menos três horas antes de dormir. Deitar logo após a refeição facilita o acúmulo de gordura, principalmente na cintura. Além disso, comer muito tarde prejudica o sono.
.
Veja - O senhor recomenda beber muita água durante o dia. Quanto se deve beber exatamente?
Oz - Deve-se beber uma quantidade suficiente para que a urina esteja sempre clara. Isso varia de um dia para o outro. Em dias quentes, sua-se muito e, por isso, é preciso beber mais água. Para quem não abre mão da cafeína, sugiro chá verde. Em lugar de quatro cafezinhos por dia, beba quatro copos de chá verde. Essa bebida concentra muitos antioxidantes e nutrientes bons para a saúde.
.
Veja - Muitos ambientalistas condenam o consumo de água engarrafada. Do ponto de vista da saúde, ela é melhor que a água da torneira?
Oz - Eu acho um erro beber água engarrafada. Há dois problemas principais com ela. O primeiro é que, se a garrafa plástica não for reciclada, pode contaminar os mares e os rios. Isso prejudica o meio ambiente e, indiretamente, a saúde. O plástico das embalagens vai parar nos peixes que comemos. O resultado é que 97% das pessoas apresentam resíduos de plástico no organismo, o que interfere no sistema hormonal. Esses resíduos estimulam os receptores de estrogênio, o hormônio feminino. Em excesso, o estrogênio pode causar câncer e outros problemas. As toxinas contidas no plástico também aceleram o envelhecimento. O segundo problema é que, como a água engarrafada não apresenta vantagens com relação à água da torneira, trata-se de um desperdício de dinheiro.
.
Veja - O senhor recomenda exercícios físicos que provoquem suor. Exercícios leves são inúteis?
Oz - Essas recomendações visam à saúde cardiovascular. Para essa finalidade, apenas os exercícios moderados ou intensos, que fazem suar, apresentam benefícios. Mas os exercícios suaves e de baixo impacto têm valor. Mesmo a caminhada movimenta grandes músculos, como os das coxas e dos quadris, que consomem muita energia. Como o gasto calórico muscular é maior durante o exercício, a queima de calorias aumenta.
.
Veja - Os suplementos vitamínicos são criticados em muitos estudos científicos. O que o senhor acha deles?
Oz - Eles são eficazes, mas prometem mais do que cumprem. Na verdade, os médicos saem da faculdade sem conhecimentos suficientes sobre os suplementos e são forçados a tirar suas próprias conclusões. De modo geral, uma suplementação só é necessária quando as vitaminas não são obtidas naturalmente com a alimentação. Por outro lado, acredito que determinadas vitaminas podem melhorar a qualidade de vida e a longevidade. Entre elas estão as vitaminas A, B, C, D e E, além de cálcio, magnésio, selênio e zinco. A vitamina D é importantíssima, pois previne câncer e osteoporose. Principalmente nos países mais frios, onde a exposição solar é restrita, os suplementos são essenciais.
.
Veja - Além dos procedimentos já descritos nesta entrevista, o que mais o senhor faz para adiar o envelhecimento?
Oz - Minha receita principal de juventude é brincar com meus filhos. Também procuro descobrir coisas novas todos os dias. Aprendo ao conversar com os outros e, apesar de ser muito assediado para responder a perguntas, por causa de minha atuação na TV, prefiro perguntar, saber como é a vida das pessoas, como elas trabalham. Isso faz minha mente exercitar-se.
.
Veja - Nos últimos anos, o aperfeiçoamento do tratamento clínico fez cair o número de cirurgias cardíacas. Essa é uma tendência em outras especialidades médicas além da cardiologia?
Oz - Sem dúvida. Os recursos clínicos tornaram-se mais eficazes tanto para a prevenção de doenças quanto para seu tratamento. Por isso, assim como na cardiologia, a cirurgia deixou de ser a primeira opção em outras áreas. Há poucos anos, quando o paciente machucava o joelho, ia direto para a sala de operação. Agora, ele vai para a sala de fisioterapia. Essa tendência também é evidente nos casos de diverticulite, uma inflamação do intestino, que passou a ser tratada com o consumo de fibras. O mesmo acontece com pacientes que apresentam doença arterial obstrutiva periférica. Antes eles iam para a faca. Agora, recebem como orientação deixar de fumar e caminhar. Mesmo que sintam dor num primeiro momento, essa é uma maneira de estimular o crescimento de novos vasos sanguíneos para substituir os danificados.
.
Veja - O senhor já esteve no Brasil. Como foi sua experiência no país?
Oz - Visitei o Brasil há muitos anos, quando ainda era estudante de medicina. Fui ao Rio de Janeiro e conheci o doutor Ivo Pitanguy. Também fiquei deslumbrado com as frutas brasileiras e com as lojas de sucos. Elas misturam frutas e outros vegetais, uma combinação pouco convencional. Conheci o açaí, que até hoje está no meu cardápio. Compro açaí em Nova York mesmo. É um dos alimentos com maior concentração de antioxidantes. Planejo voltar ao Brasil em meados do ano que vem para gravar um programa. Quero muito ir à Amazônia e conhecer as plantas medicinais da região.

TEXTOS de Ana Cloe

A MENTE E OS PARADIGMAS
QUE REGEM A PRÁTICA

É sabido que a mente possui, como atribuição que lhe é própria , o mecanismo subjetivo de discriminar , generalizar , julgar , proferir verdades e se identificar com estes mesmos mecanismos a fim de criar um conjunto mais ou menos organizado , que denominamos “ ego” .
Aos poucos e até mesmo inconscientemente , estes mecanismos subjetivos que estruturam nosso Ego , vão se cristalizando e formam o que chamamos de PARADIGMA : Nosso sistema de crenças , nosso referencial interno , nosso ponto de vista , o modelo a partir do qual pautamos nossas escolhas e regulamos nosso comportamento...Enfim , o paradigma é o modo como concebemos o mundo e a nós mesmos.
Assim , podemos afirmar que: a escolha pelo Tai Chi , a maneira como alguém se relaciona com ele e conseqüentemente a maneira como o sujeito movimenta seu corpo , sejam , enfim , o reflexo de um paradigma... O reflexo do que o Tai Chi representa mentalmente .
Por exemplo: Se eu entendo que o Tai Chi é uma prática relaxante , provavelmente este aspecto será por mim priorizado e posso não dar muita importância à maneira como tecnicamente deveria movimentar meu corpo . Ou ainda : Se penso que o Tai Chi tem uma enorme eficácia marcial , eu poderia querer especializar - me na arte do Tui Shou ...Estas percepções da realidade , que nos motivam , em última instância , nos mostram como os paradigmas interferem no curso , no aprendizado do estudante .Também os professores , com seus paradigmas , priorizaram a forma e o conteúdo do seu próprio aprendizado , interferindo , naturalmente na maneira de conduzir as aulas ...
O principal objetivo dos exemplos citados é justamente demonstrar como os paradigmas podem “ raptar a magnitude ” do Tai Chi , tornando-o submetido às concepções e às necessidades de cada um , tornando-o demasiadamente restrito , “pessoal” como um “refém” do Ego , onde as pessoas não estão dentro do sistema Tai Chi , mas , ao contrário , fazem com que o Tai Chi seja e esteja dentro delas , com se ele devesse adaptar-se ao Ego e não o contrário... . Como se o Tai Chi tivesse a personalidade do próprio praticante . Isso causa toda uma série de desvios e enganos.
Muitas vezes , as pessoas têm , por diversos motivos e talvez um deles seja justamente o paradigma por elas adotado , muita dificuldade de estarem submetidas aos motivos , às regras e técnicas que são parte da essência da arte , que conferem identidade e personalidade ao sistema Tai Chi . Com isso , insistem em imprimir seus Egos na forma e movimento , cometendo um engano , pois deveria ser o Tai Chi a estar se imprimindo nelas. Como se o contato com a essência desta Arte estivesse impedido pelas próprias limitações da percepção pessoal da realidade . Às vezes é preciso “sair um pouco “ de si mesmo , entregar-se e , realmente experimentar o Tai Chi . Ter coragem para enfrentar nossas limitações sem maquiagens ou manipulações mentais . Por isso a prática do Tai Chi pode ser uma maravilhosa experiência de auto- conhecimento , de conciêntização de processos inconscientes que regem nosso comportamento e nossa relação com o Tai Chi Corremos o risco de conhecer apenas a ponta do iceberg !



Todos nós , em geral , realmente temos que cultivar nossa atitude de abertura , entrega e confiança , já que temos a tendência natural de sermos dominados pela mente , ou seja , pelas nossas necessidades , pelo Inconsciente , pela nossa história de vida...Tudo isto termina “escoando” para a prática do Tai Chi.
Tai Chi é um conceito filosófico . Então , para que possamos representar o Tao através das Formas , do Tui Shou , teremos que procurar adequar nossos paradigmas , elevar nossa compreensão e entrega .A mente , inquieta como de costume, busca “recriar condições ” que se adaptem à demanda de conforto do Ego , onde os fatores que dificultam o progresso sejam “eliminados” , sem muito esforço ! Com isso , a essência do Tai Chi é perdida . O Ego procura perfeição , porém , através de seu próprios métodos .
Os movimentos devem intencionar à perfeição corporal e energética .A exatidão deve ser buscada , simplesmente porque assim é o Tao . Por isso , há necessidade de adaptar-se às regras da Forma e movimentação.
O Tai Chi é definido também por “meditação em movimento”. Meditação como um estado de quietude , gerado por um fluxo energético incessante, contínuo , desobstruído. Por isso , há necessidade de respeitarmos os requisitos técnicos , baseados na lógica energética do equilíbrio . Tai Chi é a Arte do equilíbrio . Os movimentos são projetados para expressar alternância entre Yin e Yang . Isto precisa acontecer internamente para ser expressado através do movimento . Esta é a intenção . Às vezes , atribuímos outra intenção ao movimento. Esta intenção é a “nossa própria e não a do movimento em si.. ” O aperfeiçoamento da arte , da dita meditação em movimento viria então , com a capacidade da alternância dos estados Yin e Yang , contextualizado em um determinado movimento. Deve-se pois , alcançar um estado de despojamento da sua própria identidade energética , entregando-se , o praticante , inteiramente à demanda energética de cada movimento.A identificação com determinado padrão gera um desequilíbrio de forças , uma polarização . Deve-se trabalhar cada movimento com a intenção de retornar incessantemente e continuamente ao estado de fluidez, desobstruído , não tendencioso , não articulado a qualquer idéia pessoal de como as coisas devem ser .
Na verdade , o Tai Chi flui para a ausência , para o silêncio , para a meditação. Nossa verdadeira identidade também é vazia e ausente. Devemos fluir para este encontro ... Por isso , precisamos conhecer alguns mecanismos que regem o funcionamento mental para que possamos realmente experimentar o Tai Chi . A mente não deve ser negligenciada, pois seus mecanismos podem ser veículo ou o maior impedimento para que se apreenda o que é a essência do Tai Chi : “ausente e silenciosa “ .



DICAS impotantes para a PRÁTICA
do Tai chi com a ESPADA

A ) Sigam os princípios do Taiji :
- O movimento começa pela cintura ( Tan-tien ) , arredondem as articulações , ombros e cotovelos abaixados , joelhos flexionados , topo da cabeça “leve” , passos firmes e suaves , pernas e braços coordenados pelo eixo ( cintura-tronco) . O peso vai junto com o movimento .

B ) Sigam a regra dos 70% :
- Não estiquem os braços , não deixem a postura ficar “angulosa” ou tensa desnecesariamente . Procurem o círculo dentro do movimento .

C ) A energia ( CHI ) ,
precisa passar através da espada :
- Os cotovelos flexíveis são essenciais para que a energia “corra” através da espada . Em todas as posturas .
- Lembrem-se : Para que a espada emita energia de “corte” , técnicamente devemos seguir as seguintes etapas : Primeiro a guarda (punho da espada) e , por último a lâmina . Isso evitará que suas espadas pareçam vassouras ... Lembram-se ?
- Suas espadas precisam “emitir” e/ou expressar uma série de energias: cortar , retalhar , penetrar , estocar , furar , bloquear ...

D ) O braço esquerdo :
- Normalmente “defende” , fazendo movimentos circulares , projetando-se ligeiramente antes da espada .

E ) A mão esquerda :
- Precisa fazer corretamente o MUDRA ( postura dos dedos e da mão) que representa a “outra” espada .
- Na maioria das vezes esta mão faz contato com o pulso ou ombro direito . Mas , cuidado : “ O braço direito não é cabide para a mão esquerda”.

F ) Atitude :
- Mantenha a mente concentrada e o espírito alerta . O olhar deve expressar vivacidade e “ir” guiando o movimento . Não abaixe a cabeça , não olhe diretamente para a espada . Concentre-se na direção do movimento , “alongando” sua intenção ...

Por Ana Cloe
ESPADA TAI CHI
– CONSIDERAÇÕES INICIAIS TAI CHI TIEN
A arte do manejo da espada , pode ser comparada à arte da caligrafia: Requer exatidão , refinamento , onde a espada , assim como o pincel , deve tornar-se a extensão do braço do artista e também deve representar sua energia interior , sua energia pessoal.
Na prática com a espada , três aspectos devem ser lembrados : O primeiro deles pode ser novamente comparado ao uso do pincel , na caligrafia chinesa :A espada deve ser segurada de uma maneira relaxada – não fortemente “agarrada” como fazem os japoneses , com suas espadas e pincéis: Os calígrafos japoneses dão pinceladas fortes e vigorosas e os calígrafos chineses fazem uso maior da suavidade e como no Tai Chi Chuan, praticam a idéia do Yin e Yang , da neutralização e emissão de energia.
Um segundo aspecto , muito peculiar , diz respeito ao fato de que: Ao aplicarmos um golpe , este deve ser objetivo e muito preciso... No momento em que é desferido um golpe cortante no corpo do oponente , por exemplo, o praticante deve mirar num dos pulsos ou em algum ponto específico , de circulação de CHI , para impedir que o adversário use a sua espada. Isto significa que se deve saber exatamente onde golpear , para que seja despendido um mínimo de energia .
O terceiro ponto , talvez o mais profundo de todos os três , é que a prática da espada deve trazer à tona nossa força interior e também as “energias intrínsecas”_( JIN’S) . A ponta e a lâmina da espada se tornam uma extensão de nosso corpo enquanto expressam essas energias. Isto só pode ser atingido através da habilidade em relaxar, trazendo a energia do fundo dos pés até a ponta da espada , ou seja , soltando e direcionando a energia intrínseca para tornar a aplicação precisa e efetiva.

Muitos Taoístas praticam a espada como Chi Kung e mesmo marcialmente , pois a espada é uma arma completa em si mesma .
Os dois mais famosos centros para a prática da espada Tai Chi estão localizadas em Hua Shan e nas montanhas Wu –T’ang . Estes dois centros , juntamente com as famílias Chen e Yang , têm ajudado a promover e preservar a arte da espada Tai Chi.
A maneira tradicional de executar as formas de espada é um pouco mais rápida do que a execução das formas de mãos livres . Aliás , as armas em geral não são praticadas de forma idêntica às formas solo , principalmente no que diz respeito à velocidade. As armas desenvolvem outras habilidades , além do enraizamento , desenvolvimento do chi e intenção mental. A espada desenvolve as mãos , os braços e ensina o praticante a estender a energia intrínseca através da arma e também expressar as sutilezas dos movimentos Yin e Yang .
Bem , vale lembrar também que as formas de espada , podem ser executadas de forma lenta , como quando se pratica as formas de mãos livres. Sun LuTang ,por exemplo , o idealizador do estilo Sun de Tai chi,desenvolveu esta maneira de praticar a espada.Ele também era um adepto de Pa kua e Hsing-Yi . Escreveu um livro sobre espada Pa Kua , que não foi completado devido a sua morte.Enfim , sua maneira lenta de conduzir a espada influenciou muitos praticantes de Tai Chi.
A espada possui um tassel atado a ela , o que cria mais uma razão para que se pratique de forma mais rápida , pois , de outra maneira , simplesmente o tassel não seria utilizado. O tassel, expressa o grau de habilidade no manejo da espada , pois é um elemento a mais a ser integrado e utilizado harmoniosamente . Ele conduz alguns movimentos , dando graça e beleza à forma , podendo ser usado também de forma ofensiva , tornando a prática muito refinada. Assim,os movimentos da lâmina , aliados ao do tassel , podem ser também um dos indicadores do nível atingido pelo praticante.
Em relação à mão esquerda , podemos dizer que esta possui uma função de suporte à espada:Os dedos indicador e médio , juntam-se , enquanto o polegar é dobrado sobre o dedo mínimo , como se a mão fosse transformada em uma outra espada.... Esta espada invisível estimula a circulação de CHI através dos pulsos e pode ser usada para atingir o oponente em seus pontos vitais.Vale lembrar também que o braço e a mão esquerda dão graça e beleza aos movimentos da espada , harmonizando o fluxo de energia.
T. T. Liang , principal discípulo de Chen Man-ching , dizia que , na mística tradição da Espada Tai Chi , o praticante deve cultivar seu espírito até poder juntar-se aos imortais...

A espada atravessa os tempos e portanto fascina culturas pelo mundo afora , como símbolo de poder iniciático... Ícone da coragem e poder.
No Oriente , a espada é arte , arte espiritual, veículo da transcendência.
Na iconografia budista, por exemplo, a espada evoca o ato de “cortar” a ignorância e a ilusão, exorcisando-as da consciência....Na tradição Taoísta , os Imortais “apontam o caminho “ com suas espadas. Aliás , “o Imortal aponta o caminho” é também o nome de uma das primeiras posturas na forma de Espada Tai Chi. Os princípios da Espada , se bem compreendidos e cultivados , devem guiar-nos à iluminação, ao estado de Shen Ming , de realização , onde a espada não é mais necessária , onde há somente a“arte sem arte”...
Quando praticamos as formas com qualquer tipo de arma , devemos desenvolver a habilidade de enviar nossa energia além do nosso corpo,ou seja , o Chi deve animar os movimentos , deve expressar-se através e para além de nossas mãos...A espada , como arma nobre e sofisticada , deve condensar a maestria do Chi.
As energias intrínsecas , ou as diferentes qualidades e expressões da energia interior , ou “JIN” ,devem ser cultivadas através da alquimia interna: O SHEN/YI (espírito-mente) e o CHI, quando relacionados , levam a uma expressão energética que deve ser transmitida à espada . Seus movimentos devem expressar diferentes qualidades energéticas , diferentes manifestações. Por exemplo : Além de Peng Jin ( a energia de expandir) , Lie Jin( a energia de cortar , partir , dividir) , Fa Jin ( a energia de emitir) , Li Jin ( a energia de ceder ), San Tzu Jin ( a energia de espiralar), a espada requer também outras qualidades de Jin como a energia do açoitar , interceptar , apunhalar ,bloquear , penetrar ...
Essas energias fornecem as chaves umas das outras , desenvolvendo nossas faculdades sensitivas , pois também são aspectos internos de uma postura.
Quando praticamos, a energia intrínseca é dirigida para as mãos , estendida para fora , expressando o Jin através da espada.Assim , a arma expressa todo o fluxo energético.Vale lembrar também, que as armas mantém todos os outros princípios clássicos de movimentação, próprios ao sistema Tai Chi.

OBS: Este texto é uma compilação e tradução livre , que procurou elucidar algumas idéias contidas na introdução do livro: “Tai Chi Thirteen Sword- A Sword Master’s Manual” de Stuart Olson . Esse livro é uma compilação de uma série de escritos reunidos pelo autor , que, com o auxílio de três grandes mestres de espada , Chen Wei Ming , Hsiung Yang ho e T. T. Liang , tornou possível o acesso a estes conhecimentos em língua inglesa.


A ARTE sem ARTE

Alguém que seja praticante das Artes Marciais , inevitavelmente em algum momento do caminho , irá deparar-se com a necessidade de manejar seu corpo , sua energia e , ou também sua arma de forma “espiritualizada”.
-
Evidentemente , nos habituamos aos treinamentos , que devem desenvolver o conhecimento e conseqüentemente a habilidade e maestria na arte. Porém , este não é um fim em si mesmo. O caminho ainda não está completado .
-
Os tratados sobre artes marciais , versam longamente sobre este ponto do caminho . Os mestres explicam que , após o domínio das técnicas , outras habilidades deverão ser conquistadas pelo estudante. Neste momento se fará necessário encontrar-se com a “arte sem arte” , ou com a “arte da não –arte”... Isto significa que , todo o conhecimento e habilidade devem ser transcendidos .
-
Eles mesmos tornam-se obstáculos ao caminho . Nossas habilidades ainda sofrem influências da própria mente , do ambiente e dependem do corpo físico.Estamos operando ainda na esfera da dualidade , do mundo manifesto .
-
Os mestres observam que os discípulos , mesmo os mais hábeis , perdem a confiança e naturalidade diante de alguém que imaginam ser superiores a eles .Encontrando-se , numa situação ainda pior que a anterior , a dos iniciantes , pois admitem que podem fraquejar diante de alguém com habilidade superior.
-
Para eles , parece não haver saída a não ser o treinamento incansável. O próprio mestre não lhes pode aconselhar outra coisa a não ser procurar converter a técnica em arte ! Adquirindo “presença de espírito” ou a “mobilidade do coração”.
-
O discípulo só progredirá se ele puder desprender-se de toda a intenção e também de seu próprio eu , onde tudo se desvanecerá no vazio ...Não havendo “eu”, não há adversário , não há meta , não há reflexão ,não há sequer a própria arte...Simplesmente o movimento acontece , “algo” faz acontecer , simplesmente porque é , por que se está ali... Mas como se pode então , espiritualizar a arte?! Como reverter a situação? Bem , simplesmente pela prática diligente , cotidiana, ao mesmo tempo descompromissada... como se “treinássemos” , sem qualquer objetivo...Sem propósito consciente ...
-
É sabido que o treino que visa apenas a habilidade , tende a se tornar obsoleto , sem função genuína em nossas vidas. Este estado de consciência é descrito por Eugen Herrigel em seu livro A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen: “Atingir o alvo sem fazer pontaria, esquecendo-se da meta e da intenção de atingi-la.”
-
Ou ainda , no texto de Gusty Herrigel em O Zen Na Arte Da Cerimônia das Flores : “ A longa prática vai dando polimento aos hábitos, até que a forma pura fale através da obra.Nas etapas avançadas da evolução, a originalidade se mostrará cada vez mais livre , tornando-se despojada e límpida, até fundir-se com a verdade pura , na unidade perfeita , que se expressa na essência da arte .”
-
Este estado de coisas também pode ser comparado, ainda mais profundamente , à maneira de viver , como diz D. T. Suzuky : “Viver Bem , inclui uma certa técnica , inclui escolhas e adaptações...O que é diferente da Arte de Viver, que engendra a compreensão do seu significado , a apreensão de seu mistério”.
-
Em verdade se treina para que um dia tudo isto possa ser abandonado.Todo o tempo as artes nos encaminham para esse lugar.
O mestre teria a responsabilidade de fazer com que o aluno descubra a via de acesso a este caminho , que não inclui , todavia, o intelecto .
-
Como podemos ver , esta questão é amplamente citada em toda a literatura Zen , mais especificamente, àquela chamada de o “ Zen do guerreiro”, já que a classe Samurai encontrou no Zen , uma enorme fonte de alimento e serenidade. Inclusive , dentro das artes marciais japonesas há o BuDo, ou” o caminho do guerreiro”: O conceito Do , pode ser comparado ao Tao e permeia todo o treinamento Zen , onde a experiência direta do estado meditativo é o objetivo e foco do treinamento , chamado de Mushin, ou não-mente.
-
No Taoísmo esse estado chama-se Shen Ming . Como se a própria mutação , ou “a dança das dez mil coisas”, nos levassem naturalmente à grande diluição , ao silêncio , ao estado de ausência , para a fusão com o Tao , com o Princípio que rege todas as coisas . Assim , não há mais arte , nem tampouco o artista...
Podemos então , nos abrir para esta possibilidade , a partir de um propósito de abetura e constante permissão , para simplesmente deixar que nossa prática “seja”!